O ano de 2009 pode ser marcado como um dos melhores no diário com capa do ursinho Pooh que o cantor com certeza tem, guardado debaixo do travesseiro. Além de transformar o penteado da franjola em hit mundial, Bieber lançou seu primeiro single, a música One Time, enquanto ainda gravava o álbum de estreia. A canção logo entrou para as principais listas de mais ouvidas dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e de diversos países na Europa. O estouro rendeu convites para participar de séries e programas de TV. E shows. Como muitas adolescentes o conheciam da internet, algumas pequenas apresentações foram montadas para que elas pudessem gritar -- com toda a força -- para ele, que fingia cantar. O EP de estreia, My World, só foi lançado em novembro, quando a maioria das canções já haviam sido liberadas e bombavam no rádio e na web. Para fechar bem o ano, Bieber foi convidado para cantar na Casa Branca para o presidente americano, Barack Obama, e suas filhas tietes.
O ano de 2010 trouxe os bons frutos do debut, realizado no ano anterior. Em janeiro, já bem conhecido no showbiz e em especial entre o público da internet (ele hoje é o artista mais seguido, com 36 milhões de fãs), foi chamado para subir ao palco do Grammy ao lado da cantora Ke$ha e divulgar uma enquete que estava sendo feita pela premiação em seu site, em paralelo à festa exibida na TV, sobre a música que o Bon Jovi deveria cantar naquela noite. E em março estava de volta às lojas com o CD oficial e completo, My World 2.0, que trouxe Baby, o maior sucesso da sua carreira até hoje. A música, que estourou em todo o mundo, acumula no momento cerca de 840 milhões de visualizações no YouTube. Por mais de dois anos, até a chegada do Gangnam Style, do sul-coreano Psy, que passou de 1 bilhão de cliques no final do ano passado, Baby reinou como o maior hit da história do site de compartilhamentos de vídeos.
Já aos 16 anos, Bieber começou a se desfazer da imagem de bom moço. Mas a princípio de maneira bem inocente. O minicantor passou cantadas em mulheres como Rihanna e Kim Kardashian, tentou dar uma de malandro ao posar para fotos com cara de mau, atingiu um policial com uma bexiga de água e pegou algumas das garotas que trabalharam em seus clipes. Sem canções novas, mas querendo aproveitar o momento, lançou dois CDs picaretas, o My Worlds, um compilado dos dois álbuns anteriores, e My Worlds Acoustic, a versão acústica do compilado. Ainda no espírito de capitalizar o momento, no fim de 2010 lançou uma biografia oficial, que no ano seguinte chegaria ao Brasil sob o pretensioso título Justin Bieber - Primeiro Passo para a Eternidade - Minha História.
A biografia parece não ter dado conta de narrar os longos 16 anos (dois deles de carreira) do canadense, que em 11 de fevereiro de 2011 estreou nos cinemas Justin Bieber: Never Say Never, documentário em 3D com direção de Jon Chu. O longa arrecadaria mais de 98 milhões de dólares pelo mundo e ainda daria origem a mais um produto, o CD Never Say Never – The Remixes. Assim como os dois trabalhos anteriores, o álbum era picaretagem pura: não trazia nada novo, apenas canções já lançadas por Bieber em roupagem diferente e, para dar algum tempero, participações especiais de artistas como Miley Cyrus e Chris Brown. Não à toa, todos os discos lançados após My World 2.0 foram ignorados pelo Grammy, em que Bieber rcebeu duas indicações, de revelação e melhor álbum pop pelo segundo álbum. Não ganhou nenhum troféu, mas passou a sonhar com ele -- disse que a carreira só estaria completa com um Grammy em casa.
Prova de que a mãe e sua equipe têm tino comercial, o truque de reciclar trabalhos e ganhar dinheiro em cima da mesada das adolescentes renderia a Bieber o segundo lugar na lista feita pela revista Forbes dos artistas com menos de 30 anos a dar mais lucro entre maio de 2011 e maio de 2012 -- a relação seria divulgada no ano seguinte, mas diria respeito a boa parte do ano de 2011. Como se não bastasse, o cantor providenciou um disco de Natal, o Under the Mistletoe, que finalmente trazia músicas novas -- exceto pelas várias faixas que eram regravações de outros artistas.
Mesmo com a fabriquinha de produtos a todo vapor e com uma redução no comprimento da franja que era a sua marca registrada, Bieber virou notícia mesmo pelo namoro com a atriz e cantora Selena Gomez. Os rumores do envolvimento com a estrelinha da Disney já haviam começado no final do ano anterior, mas só em janeiro de 2011 se confirmaram. Apaixonados como só adolescentes conseguem ser, os dois eram constantemente fotografados aos beijos e abraços, nos mais diversos cenários. O relacionamento aumentou a perseguição pelos paparazzi, que fizeram o músico canadense trocar a carinha de menino bom pela virulência de um artista em fúria.
Em junho, Justin lançou o seu terceiro e último álbum de estúdio, embora o sétimo a levar seu nome, Believe, do qual saiu o single Boyfriend. Já na tentativa de laçar um público menos teen, ele anunciou que o CD traria um som mais maduro. Mas a verdade não é bem essa. É inevitável associar Believe aos trabalhos anteriores de Bieber. Estão lá o mesmo estilo pop com batidas de hip hop que o fez famoso e as letras românticas e carentes, implorando por amor. Essa necessidade de ser amado cresceria no final do ano, com o início da crise no namoro com Selena Gomez. Não tardaram a surgir rumores anunciando que o fim estava próximo, notícia confirmada em novembro. No mês seguinte, o cantor canadense descobriria que a policia americana havia desarticulado um grupo de criminosos que pretendia castrá-lo e matá-lo. Era o inicio da nuvem negra que se formava sobre a cabeça do nem já tão pequeno Bieber.
A nuvem negra teima em sobrevoar Justin Bieber. Logo na virada do ano, um paparazzo morreu perseguindo a Ferrari do cantor. No dia seguinte, o mesmo veículo foi apreendido pela polícia. Em ambas as situações, não era Bieber quem conduzia o carro, e sim os amigos Lil Twist (o primeiro dia), e Lil Za (o segundo, que ainda por cima estava sem carteira de motorista). Pouco depois, vazou na internet uma foto do músico com um cigarro de maconha, sinal de que ele deixou mesmo de ser um filhinho de mamãe. Ainda em janeiro, um ex-segurança o processou, alegando que o adolescente o teria agredido durante uma discussão. Com tantos problemas, Bieber não deve ter tido tempo para comprar roupas novas. Ele só tem sido fotografado sem camisa ou com as calças caindo pelo meio das coxas. Pobre garoto.
Apesar dos pesares, a fabriquinha de caça-níqueis não pode parar. Por isso, no finalzinho de janeiro JB lançou o CD Believe Acoustic, com versões mais calminhas do último álbum. O intuito, mais uma vez, era chamar a atenção de um público mais velho, que em tese apreciaria a voz do garoto sem as batidas de hip hop ao fundo, e também mostrar às autoridades da indústria que ele é um artista sério. Não funcionou. As vendas não decolaram e Bieber não foi indicado a nenhuma categoria do Grammy, o prêmio mais importante da música. Birrento, decidiu medir forças com a cerimônia e durante a festa convocou as suas fãs no Twitter para um encontro particular pela internet, que não deu certo.
Como tudo sempre pode piorar, Bieber viveu dias de pesadelo em Londres, onde deu início, em março, à saga europeia da Believe Tour. Logo no primeiro show, ele foi vaiado por atrasar duas horas. E na penúltima apresentação no país ele passou mal e desmaiou no palco. Atendido, retomou o show, mas depois foi levado a um hospital, onde passou a noite em observação. Ao ter alta, no dia seguinte, entrou em novo confronto com paparazzi, gritando e falando palavrões. Ele precisou ser detido por um dos próprios seguranças. De Londres, partiria para Portugal, onde teve uma notícia amarga. Bieber precisou cancelar um de seus shows em Lisboa devido ao encalhe de ingressos.
Veja: (Com agência France-Presse)
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