Foto: Vitor Jubini - GZ
Num tempo em que a Igreja Católica só faz encolher frente ao avanço dos evangélicos, um fenômeno tem chamado a atenção na igreja matriz da Glória, em Vila Velha. Lá, a celebração realizada sempre nas primeiras segundas-feiras do mês – chamada de "Missa de Ação de Graças" – é garantia de público certo. É tanta gente que muitos têm que ficar do lado de fora, acompanhando tudo por um telão instalado no pátio.
A reunião, sob o comando do padre Vandaike Costa Araújo, atrai caravanas de diversas partes do Estado, como Domingos Martins, Marechal Floriano e Conceição do Castelo, trazendo na bagagem o desejo da cura dos males físicos ou espirituais ou simplesmente a vontade de agradecer por uma graça já recebida.
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Não é uma missa comum. A celebração é emoção pura, que transborda em cada palavra e nos momentos de oração e canções entoadas em coro pelos fiéis. E o número de pessoas que afirmam terem sido curadas durante a missa só faz crescer. Esses fiéis não hesitam em ir à frente do púlpito para dar seu testemunho. Os relatos são tantos que a equipe do padre pretende reuni-los em livro.
"Não é o padre que cura, é Jesus. Ele pode curar em todas as missas", diz padre Vandaike, que frisa: não faz esse tipo de celebração para se promover.
É tanta gente que até entrar na igreja é difícil. A multidão não deixa um espaço vazio nos bancos ou nas cadeiras azuis que aumentam os lugares disponíveis. Fiéis acomodam-se até nos degraus de acesso ao altar. Do lado de fora, uma tenda abriga outras centenas, que acompanham a missa por um telão. Só nesse espaço há mais fiéis do que nas celebrações de muitas comunidades da Grande Vitória.
"Não é show"Logo no começo da missa, padre Vandaike faz questão de avisar: "Isso aqui não é um show da fé", fazendo uma alusão ao programa do tele-evangelista neopentecostal R.R. Soares. O sacerdote, adepto do movimento da Renovação Carismática Católica (RCC), rejeita a comparação com os rituais de cura que fazem sucesso nas igrejas neopentecostais.
É a fé na cura que move a maioria dos frequentadores. É gente que tem certeza de que estar lá faz a diferença, como a dona de casa Ana Maria da Penha Volkers, de Domingos Martins. Ela garante que teve a cura de tumores pelo corpo "revelada" durante uma das missas. "Ia ao médico e nada me curava, até que na missa passada o padre disse que tinha uma pessoa aqui com vários tumores pelo corpo. Depois disso, eles desapareceram", conta.
As "revelações", como aconteceu com ela, são um dos pontos altos da celebração: é quando o sacerdote diz que fiéis ali presentes estão sendo curados.
O rito católico tradicional não é deixado de lado, mas ganha temperos adicionais, com orações demoradas enfatizando a cura dos mais diversos tipos de doenças. Marca registrada da Renovação Carismática e de várias igrejas evangélicas, a chamada oração em línguas – repetição de sílabas que lembra uma espécie de mantra –- também é adotada pelo sacerdote.
A reunião, sob o comando do padre Vandaike Costa Araújo, atrai caravanas de diversas partes do Estado, como Domingos Martins, Marechal Floriano e Conceição do Castelo, trazendo na bagagem o desejo da cura dos males físicos ou espirituais ou simplesmente a vontade de agradecer por uma graça já recebida.
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Não é uma missa comum. A celebração é emoção pura, que transborda em cada palavra e nos momentos de oração e canções entoadas em coro pelos fiéis. E o número de pessoas que afirmam terem sido curadas durante a missa só faz crescer. Esses fiéis não hesitam em ir à frente do púlpito para dar seu testemunho. Os relatos são tantos que a equipe do padre pretende reuni-los em livro.
"Não é o padre que cura, é Jesus. Ele pode curar em todas as missas", diz padre Vandaike, que frisa: não faz esse tipo de celebração para se promover.
É tanta gente que até entrar na igreja é difícil. A multidão não deixa um espaço vazio nos bancos ou nas cadeiras azuis que aumentam os lugares disponíveis. Fiéis acomodam-se até nos degraus de acesso ao altar. Do lado de fora, uma tenda abriga outras centenas, que acompanham a missa por um telão. Só nesse espaço há mais fiéis do que nas celebrações de muitas comunidades da Grande Vitória.
"Não é show"Logo no começo da missa, padre Vandaike faz questão de avisar: "Isso aqui não é um show da fé", fazendo uma alusão ao programa do tele-evangelista neopentecostal R.R. Soares. O sacerdote, adepto do movimento da Renovação Carismática Católica (RCC), rejeita a comparação com os rituais de cura que fazem sucesso nas igrejas neopentecostais.
É a fé na cura que move a maioria dos frequentadores. É gente que tem certeza de que estar lá faz a diferença, como a dona de casa Ana Maria da Penha Volkers, de Domingos Martins. Ela garante que teve a cura de tumores pelo corpo "revelada" durante uma das missas. "Ia ao médico e nada me curava, até que na missa passada o padre disse que tinha uma pessoa aqui com vários tumores pelo corpo. Depois disso, eles desapareceram", conta.
As "revelações", como aconteceu com ela, são um dos pontos altos da celebração: é quando o sacerdote diz que fiéis ali presentes estão sendo curados.
O rito católico tradicional não é deixado de lado, mas ganha temperos adicionais, com orações demoradas enfatizando a cura dos mais diversos tipos de doenças. Marca registrada da Renovação Carismática e de várias igrejas evangélicas, a chamada oração em línguas – repetição de sílabas que lembra uma espécie de mantra –- também é adotada pelo sacerdote.
Forma de evangelizar - "Em toda missa, Jesus Cristo pode curar" - Vandaike Costa Araújo,padre da Paróquia da Glória
Vandaike Costa Araújo tem 43 anos, é padre há nove, dos quais há pelo menos sete celebra missas com orações por cura. Adepto da Renovação Carismática Católica, faz questão de dizer que não celebra visando à promoção pessoal.
Como são as missas celebradas pelo senhor na primeira segunda-feira do mês?É importante dizer que são missas de ação de graças. Temos louvores, oração por cura e libertação e também bênção da água, dos objetos. Dinamizo para que as pessoas possam participar melhor, mas sempre sigo as orientações da Igreja, da liturgia do ritual.
Essas orações assemelham-se às orações de cura realizadas nas igrejas evangélicas?Não, porque evangelizamos de outra forma. Muitas igrejas evangélicas – e eu não digo todas – trabalham muito a questão do show, do consumismo, do dinheiro. Aqui não é um show da fé. A missa é uma festa do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Ele cura através da missa, porque é o sacramento que ele instituiu
na ceia derradeira.
Missas como essas são uma tentativa de recuperar fiéis para a Igreja ou de conquistar espaço?Não buscamos garantir espaço nem fazemos isso para promover a pessoa do padre. O que nós queremos é aumentar a fé do cristão católico. Há várias pessoas que estão sendo curadas através das missas e pessoas que retornaram para a Igreja e começaram a entender a importância da fé.
O que há de especial nas missas de ação de graças?Em toda missa Jesus cura. Nesta missa, nós promovemos uma evangelização para que o fiel valorize a importância da missa e de sua perseverança na comunidade. Sou apenas um instrumento de Deus para fazer com que as pessoas vivenciem cada momento da missa, levando-os ao perdão, à escuta da palavra, ao poder da pregação e da própria comunhão.
A cura é um tema que precisa ser tratado com cuidado?Quando a pessoa testemunha que foi curada, peço para trazer os exames médicos para comprovar. Muitas curas acontecem de fato. Sempre falo para a pessoa continuar o tratamento, porque Deus também cura através da medicina, porque Ele dá sabedoria aos médicos.
Vandaike Costa Araújo tem 43 anos, é padre há nove, dos quais há pelo menos sete celebra missas com orações por cura. Adepto da Renovação Carismática Católica, faz questão de dizer que não celebra visando à promoção pessoal.
Como são as missas celebradas pelo senhor na primeira segunda-feira do mês?É importante dizer que são missas de ação de graças. Temos louvores, oração por cura e libertação e também bênção da água, dos objetos. Dinamizo para que as pessoas possam participar melhor, mas sempre sigo as orientações da Igreja, da liturgia do ritual.
Essas orações assemelham-se às orações de cura realizadas nas igrejas evangélicas?Não, porque evangelizamos de outra forma. Muitas igrejas evangélicas – e eu não digo todas – trabalham muito a questão do show, do consumismo, do dinheiro. Aqui não é um show da fé. A missa é uma festa do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Ele cura através da missa, porque é o sacramento que ele instituiu
na ceia derradeira.
Missas como essas são uma tentativa de recuperar fiéis para a Igreja ou de conquistar espaço?Não buscamos garantir espaço nem fazemos isso para promover a pessoa do padre. O que nós queremos é aumentar a fé do cristão católico. Há várias pessoas que estão sendo curadas através das missas e pessoas que retornaram para a Igreja e começaram a entender a importância da fé.
O que há de especial nas missas de ação de graças?Em toda missa Jesus cura. Nesta missa, nós promovemos uma evangelização para que o fiel valorize a importância da missa e de sua perseverança na comunidade. Sou apenas um instrumento de Deus para fazer com que as pessoas vivenciem cada momento da missa, levando-os ao perdão, à escuta da palavra, ao poder da pregação e da própria comunhão.
A cura é um tema que precisa ser tratado com cuidado?Quando a pessoa testemunha que foi curada, peço para trazer os exames médicos para comprovar. Muitas curas acontecem de fato. Sempre falo para a pessoa continuar o tratamento, porque Deus também cura através da medicina, porque Ele dá sabedoria aos médicos.
Missionário
No último dia 5, a missa contou com a participação do missionário leigo Roberto Tannus, que prega cura e libertação em vários lugares do mundo. "Há alguém aqui que está sendo curado de uma dor na coluna porque caiu e sofreu um acidente. Em nome de Jesus, se levante e coloque suas mãos na ponta dos pés", proclama Tannus. Como ninguém se levantava, ele volta a chamar.
"Eu tenho certeza de que alguém aqui está sendo curado", repetiu, afirmando que a pessoa sofrera um acidente em casa. A insistência continua até que uma fiel se levanta e faz o exercício pedido. Ela balança os braços para agradecer pela cura, enquanto o público aplaude com entusiasmo.
Antes, as missas em que aconteciam esse tipo de orações eram chamadas de "missas de cura", nome que não é mais adotado, por recomendação da Igreja. A prática não é nova. No começo da década de 1990, o padre Afonso Pastore, já falecido, fazia essas celebrações em Vitória.
ReservasApesar do sucesso de público, na Arquidiocese de Vitória a celebração é vista com reservas. Procurado por A GAZETA, o arcebispo dom Luiz Mancilha Vilela preferiu não dar entrevista. A reportagem chegou a receber ligações de fiéis que pediam para a matéria não ser publicada. O temor é de que o padre seja proibido de celebrar esse tipo de missa.
Padre Vandaike, no entanto, garante que as celebrações estão respaldadas em documentos do Vaticano e que segue o que a Arquidiocese determina.
Para o teólogo Vitor Nunes Rosa, especialista em Religião de A GAZETA, a Igreja não pode ignorar que há um movimento em curso e deveria fazer um controle saudável dessas práticas. "É perigoso mobilizar as pessoas somente em busca de cura. Pode-se criar uma visão pragmática nos fiéis, de um Deus super-homem", pondera.
Graça alcançada -"Minha filha, que não andava nem falava, hoje é uma criança normal" -
A costureira Eliete Duarte Brito, 46 anos, mal consegue conter a emoção ao lembrar que sua filha Elisa, aos 4 anos, não andava, não falava e tinha problemas de crescimento. Hoje, ela é uma menina saudável que corre e brinca como qualquer outra criança. Eliete não tem dúvidas: a cura veio numa missa celebrada pelo padre Vandaike. "Quando o padre passou com o ostensório – peça em que fica exposta a hóstia –, ele disse que alguém estava sendo curado naquele momento e que a pessoa iria dormir. Nesse momento, ela ficou esticadinha e dormiu, até as 7h do outro dia", relata. No dia seguinte, para a surpresa da mãe, Elisa conseguiu se levantar da cama sozinha. "Hoje ela é uma criança normal", comemora. Foi Eliete que disse ter sido curada de uma dor na coluna na missa do último dia 5, quando o missionário Roberto Tannus afirmou que alguém estava sendo curado de dores que começaram após uma queda. "Essa dor começou quando tinha de carregar a Elisa." É por tantas graças que ela não se importa – aliás, faz questão – de sair de Domingos Martins para ir à missa.
Fonte: A Gazeta
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