segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sonambulismo, conheça o distúrbio vivido por Jorginho em Avenida Brasil



Andar pela casa no meio da noite, abrir portas, falar e até agredir a companheira. Todas essas atitudes podem ser realizadas por uma pessoa em um determinado estágio do sono. O pior é que ela não se lembra de nada o que aconteceu na noite anterior.O médico do sono Sérgio Barros explica os diferentes tipos de distúrbios que acometem crianças e adultos. O primeiro deles é o sonambulismo, abordado pela novela “Avenida Brasil”, da Rede Globo, com o personagem Jorginho, interpretado por Cauã Reymond. 

O que é o sonambulismo?

Quando ocorre na criança é uma alteração da maturidade cerebral. O sonambulismo são episódios em que as pessoas levantam, andam e saem de casa. É um transtorno de movimento do sono e que tem tratamento. Começa na infância e, normalmente, na adolescência desaparece, mas em torno de 4% dos adultos continuam tendo ataque de sonambulismo. Tanto no adulto quanto nas crianças precisa ser investigado e tratado. Além disso, a criança sonâmbula tem que ser avaliada, porque cada vez que ela tem um ataque, seu sono é fragmentado. Ocorre geralmente no início da noite, quando dormimos profundamente. Entre 22h30 e 2h da manhã.

Quais cuidados devem ser tomados com essas pessoas?

Não deixar chave nas portas, objetos cortantes no trajeto que esse sonâmbulo faz, aparelhos elétricos para que ele possa ligar. Outro cuidado é com a chave do carro. Ela deve ser guardada em um local que ele desconheça, porque quando ele guarda, ele memoriza e vai pegar durante o ataque de sonambulismo. Quem tem varanda precisa ter rede de segurança.

Quem conversa à noite também é sonâmbulo?

Conversar é um outro distúrbio do sono chamado sonilóquio. Esse isoladamente tem uma relação muito grande com a ansiedade. Por exemplo, uma criança que começa a ir à escola. Ela tem amigos novos, o ambiente é novo, brincadeiras diferentes. Isso gera uma ansiedade muito grande e é comum ela falar durante a noite. Esse distúrbio não traz grandes preocupações, ao contrário do sonambulismo.

No momento de crise é recomendado acordar ou não a pessoa sonâmbula?

Acordar não é algo muito confortável para quem está dormindo. E se você conduzi-lo à cama ele volta. O que não se pode fazer é confrontá-lo, por exemplo, ele quer ir em uma direção e você entra na frente dele e não o deixa passar. Nesses casos, ele pode ter uma atitude agressiva.

As pessoas têm uma visão do sonâmbulo andando com as mãos para frente de olho aberto. Mas não é bem assim?

(Risos). Isso é uma visão lúdica, mas não é assim. Estando de olho aberto ou fechado não muda o ataque, o que o caracteriza é a atividade elétrica cerebral. O sonâmbulo está dormindo. Ele não tem essa postura de mão para frente. Essa é uma visão caricata, porque com a mão na frente ele não bateria nas paredes.

Quando procurar ajuda?

Quando tiver uma frequência de ataque com certa regularidade e aumentando de frequência. Se você tem dois, três ataques ao mês, deve procurar ajuda, já se você tem um ataque a cada dois anos ou a cada ano, é bom procurar orientação para saber como lidar com esses ataques.

É hereditário?

Quando o pai e a mãe são sonâmbulos existe um percentual de 60% de chances dos filhos também serem. Quando é um ou outro têm 45% de possibilidade de ter um filho com sonambulismo. É comum ter um caráter hereditário.

Além do sonambulismo existe um outro distúrbio que atinge os adultos?

Segundo a literatura, cerca de 2% da população têm o distúrbio comportamental de sono Rem, mas eu acho que esse número é maior. É uma atitude constrangedora. O adulto tem ataques agressivos e agride o cônjuge. A mulher está dormindo e, o marido ao ter o ataque, a agride. Isso acontece mais no final da noite e não no início, como no sonambulismo. A pessoa tem esses ataques de maneira frequente. Na realidade, ela está vivenciando o sonho e não se lembra do que fez. No outro dia entra o constrangimento. É mais comum em homens.

Como acontece esse distúrbio?

Quando a gente sonha há um relaxamento da musculatura, para não interpretarmos os nossos sonhos. Já nesse distúrbio o paciente não tem esse relaxamento. Ele consegue fazer a mesma coisa que o sonâmbulo faz dormindo, como levantar da cama e subir em um guarda-roupa.

Fonte: Vida Saudável - A Gazeta 

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