segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Descubra as belezas de Guarapari regada a água doce

Descubra as belezas de Guarapari regada a água doce Guarapari regada a água doce Quer deixar as lindas praias da cidade um pouco de lado? Então aposte no circuito rural da região e relaxe nas belas cachoeiras

Foto: Alex Gouveia
A rampa de voo livre localizada dentro da Comunidade Remanescente Quilombola oferece uma bela vista da região. É de tirar o fôlego!

Pegar a Rodovia do Sol em direção a Guarapari é certeza de já ir sonhando com os pés na areia de alguma de suas praias. E não há como negar, o balneário é uma riqueza de opções paradisíacas e para todos os gostos. Desde a tranquila Praia dos Padres à sua bombada vizinha, a Bacutia. Mas, acredite (e experimente!), o verão na Cidade Saúde pode ter um pezinho também na água doce, sentindo a brisa do melhor clima de montanha que, combinemos, é um alívio em temperaturas mais altas.


Pois foi esse o rumo que tomamos (essa repórter, o fotógrafo Alex Gouvea e o motorista Roberto Olimpio) para dar início a uma missão nada desagradável: percorrer o Litoral Sul do Estado em busca de verdadeiros refúgios (foram ao todo 593 quilômetros percorridos!). E Guarapari, nosso ponto de partida, abriga, em sua faceta menos conhecida, muitos deles, em cenários bucólicos que valem a pena a visita. Apesar de a maioria estar localizada em propriedades particulares.

É assim com a maior parte das cachoeiras que se concentram ora em fazendas sem acesso ao público, ora em locais ermos e sem segurança suficiente aos turistas. Para felicidade desses, porém, há brechas. Particulares, mas há. E são elas que formam o chamado Circuito Vale das Águas.

O Sítio Mandina, na região do Iguape, (a 17 quilômetros do centro de Guarapari) é uma delas. Sob o comando do produtor, “nascido e criado” na região, Nilton Souza, o sítio abriga uma piscina natural que já é conhecida pelas redondezas. Trata-se de um verdadeiro oásis para quem se aventura pela mata nativa do entorno, com águas límpidas e nem tão frias assim. “Fazemos frequentemente trilhas subindo pelo curso do rio e há outras quedas dágua belíssimas mais acima”, explica e convida Nilton, um entusiasta da região que vive no local com seus três filhos.

Ali, a estrutura oferecida é simples, mas eficiente. Há área para camping, um campo de futebol e uma área de churrasqueira. Apesar de que o indicado mesmo é apreciar a tradicional galinha caipira com polenta, feita pela família e de fazer repetir o prato. Ficou interessado? Não se esqueça de agendar antes o passeio. Esse e praticamente todos os demais sítios que se abrem ao turismo por ali funcionam apenas com agendamento.

Refúgio. Vale a pena visitar o Sítio
Mandina, que oferece uma deliciosa galinha caipira
Foto: Alex Gouveia  
Uma das razões para isso é justamente manter essa característica de refúgio natural que a região tem. “Quando ainda funcionávamos sem agendamento, recebíamos centenas de pessoas num final de semana, mas hoje o público que queremos é outro”, explica Fátima Martins, dona do Sítio Recanto das Pedras ao lado do marido, Wellington, em Cachoeirinha.

O sítio fica entre dois enormes paredões de pedra que conduzem o vento numa sinfonia única e incessante. Ali,  as rajadas não param, inclusive à noite, embalando o sono de quem se hospeda no “esconderijo” do casal.  É imperdível o banho nas águas do rio e da piscina natural, que atravessam a propriedade. Tanto quando tirar um bom cochilo na rede debaixo da choupana, construída entre o rio e a piscina, depois de experimentar o pernil temperado na cerveja feito no fogão a lenha por Wellington. “Ele leva dias para ser feito, mas vale a pena”. E se vale!

Donos de um papo empolgado, Fátima e Wellington fazem a hospedagem parecer o mais familiar possível. E é assim mesmo na maioria dos sítios que se abrem aos turistas na região. Poucos quartos, clima informal e recepção calorosa. A intenção só esbarra mesmo nos acessos ainda falhos aos locais, assim como a sinalização deles. Sofremos para encontrar alguns dos sítios e as estradas apresentam trechos por vezes complicados.

Mas é verdade também que em outros pontos o asfalto tem chegado para facilitar a vida dos turistas. É o caso da região de Buenos Aires que ganhou obras de pavimentação estimuladas por grandes investimentos residenciais. Pegando a chamada Rota da Ferradura (ES-476), o acesso é um convite para encurtar a distância entre a praia e a montanha.

Nele, não deixe de fazer uma parada no mirante da Pedra do Elefante. De lá é possível alcançar uma linda vista da cidade além de se divertir observando os contornos e detalhes que fazem a pedra de fato lembrar o animal.

Outro lugar de parada obrigatória é a Vila Anunciatta, já na vila de Buenos Aires. O alambique produz a bebida de forma artesanal e, veja só, pelas mãos de uma mulher. A cachaçóloga Lucia Arpini, 43 anos, foi pioneira no ofício por aquelas bandas e aprendeu tudo o que sabe hoje com o herdeiro da marca, o produtor Lauro Seda, 63.

Metalúrgico aposentado, ele retomou o antigo alambique do pai e hoje desenvolve todo o processo, da moagem da cana à venda do produto na lojinha aberta aos turistas. Vale a pena fazer uma visita às etapas do processo e, claro, degustar (quem aprecia) alguns goles da cachaça conservada em barris de carvalho europeu. Aos mais “fracos” (como eu) a dica é ficar nos não menos saborosos licores produzidos ali também. É só escolher o sabor preferido. Eu apostei no de jabuticaba e recomendo!

Uma família quilombola
Do alto de seus 88 anos, seu João Santana é uma lição de bom humor. Mas não o chame de quilombola, porque fica bravo. “Eu sou de Deus”, diz. Junto com seus 14 filhos e outras 17 famílias, que vivem no Alto Iguape, região rural de Guarapari, ele faz parte de uma legítima Comunidade Remanescente Quilombola com certificado da Fundação Palmares, instituição vinculada ao Ministério da Cultura. E essa região, além do apelo histórico e da preservação dos costumes (é possível, por exemplo, conhecer um quitungo onde se produz a farinha de mandioca), a comunidade oferece belos atrativos, como uma rampa de voo livre, de onde se tem uma vista belíssima que chega até o mar. Para alcançá-la é preciso fôlego extra (as subidas são íngremes, é necessário um carro 4x4). “Queremos fazer daqui uma área turística e instalar uma padaria para que os quilombolas produzam doces e bolos para venda. Além disso, a  comunidade é a única certificada quilombola no Estado, o que é um atrativo por si só”, destaca o guia Régis Loureiro.

Guarapari
Visita à comunidade Quilombola e serviço de guia - Regis Loureiro. Tel.:  9817-9354

Alambique Vila Anunciatta - Buenos Aires. Tel.: (27) 3329-1621 ou 9922-3151

Onde ficar

Sítio Recanto das Pedras - Cachoeirinha. Diária: R$ 180 (apartamento para quatro pessoas com café da manhã). Atrações: piscina natural, rio para banho, comida caseira no fogão a lenha e churrasqueira (só com agendamento. Tels.: (27) 8143-9905 ou 8114-3043

Sítio Mandina - Iguape. Preço: R$ 15 (diária do camping - só com agendamento). Atrações: piscina natural, área de camping, campo de futebol, churrasqueira e trilha em mata nativa. Tel.: (27) 9860-5887

Sítio Recanto Feliz - Cachoeirinha. Pacote: R$ 4 mil (o final de semana para 100 pessoas). Agendamento para grupos de no mínimo 30 pessoas. Atrações: piscina, churrasqueira, rio para banho e campo de futebol society. Tel.: (27) 9772-7771

Sítio Sonho Meu -Cachoeirinha. Preço: R$ 8 (por pessoa para passar o dia). Atrações: área para camping, chalé, churrasqueira, rio para banho e jogos de mesa. Tel.: (27) 9933-2072

Rancho do Osmar -Boa Esperança. Diária: R$ 280 (o casal, com café da manhã, almoço, lanche e jantar incluídos). Atrações: piscinas (natural e artificiais), campos de bocha, vôlei e futsal, engenho de cana, corredeiras para pescaria e banho, salão de jogos e parquinho. Tel.: (27) 9913-1142. Site: ranchodoosmar.com.br

Agradecimento:
Secretaria de Turismo de Guarapari


Letícia Nóbrega
A Gazeta

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