domingo, 6 de janeiro de 2013

Reverendo conta intimidades da vida do casal Matsunaga

Reverendo conta intimidades da vida do casal Matsunaga
Elize Matsunaga, a mulher que matou e esquartejou o marido em São Paulo, deve prestar novo depoimento à Justiça ainda neste mês.

A vida do casal Elize e Marcos Matsunaga foi da paixão à tragédia em menos de três anos de união.

Ela matou o marido com um tiro e depois esquartejou o corpo. Quem acompanhou esse drama bem de perto foi o reverendo René Henrique, da Igreja Anglicana. Ele era conselheiro de Marcos e Elize, conhecia a vida intima do casal. Durante as últimas crises, ele chegou a temer que a história dos dois pudesse terminar em morte. E terminou.

“Ela estava num processo de alguma alteração psíquica bastante severa. E, nesse momento, eu temi pela vida da criança, dela e da babá”, conta o reverendo René Henrique Götz Licht.

Elize confessou o crime e está presa. O Fantástico conheceu pela primeira vez, detalhes do casamento, a intimidade e as brigas do casal Matsunaga - informações que podem lançar novas luzes sobre o crime.

Tudo contado à Justiça pelo reverendo. Para o promotor do caso, o depoimento de Rene Henrique esclarece pontos obscuros da vida de Elize e Marcos.

“Nós conseguimos mostrar que toda essa versão da Elize de que foi agredida, ofendida, da eventual legitima defesa ou violenta emoção, não existiu. É clara a manifestação da defesa. Então, o reverendo é uma pessoa que vivenciou os problemas da família, participou dos momentos bons e ruins, e vários pontos dele foram determinantes pra mostrar a personalidade dela e a conduta dela e claramente, a vingança”, diz o promotor José Carlos Cosenzo.

O casal se conheceu em São Paulo: Elize era garota de programa, Marcos herdeiro milionário de uma fábrica de alimentos. Foram morar juntos na cobertura de um prédio de luxo.

“Eu realizei a celebração do casamento religioso deles, em outubro de 2009, eu sabia que eles já eram casados, porque a gente recebe uma documentação, não fazemos casamento de pessoas que não sejam casadas no civil”, diz o reverendo.

Os dois frequentavam a igreja do reverendo quase todos os domingos. A vida do casal parecia tranquila e feliz. Com o nascimento da filha, a relação teria se fortalecido. Mas pouco antes do aniversario de um ano da garota, Elize manda um e-mail assustador para René Henrique.

“Ela menciona que o casamento acabou, que ela teme pela vida. Ela não tem ninguém com quem falar, só a mim. Eu fiquei surpreso com todas aquelas informações. Ela me mandou mais alguns outros e-mails dizendo que estava muito difícil, que eles estavam se agredindo muito verbalmente e que ela estava desconfiada de que ele teria outra”, conta o reverendo.

O próprio Marcos também procura o reverendo para pedir conselhos. No depoimento, René faz menção a uma suposta infidelidade do empresário.

“Ele me conta que eles estavam enfrentando um momento complicado, que eles estavam fazendo uma terapia de casal, que ainda não tinha surtido nenhum tipo de efeito. Me disse que ela estava viajando com a criança e com a babá. Estavam em algum lugar na Bahia porque ela teria ameaçado ter uma conversa com os pais dele, sobre esses supostos casos que ele estaria tendo e então ela foi viajar”, conta o reverendo.

A conversa entre Marcos e o reverendo é interrompida por um telefonema de Elize.

“Ele recebe várias mensagens dela no celular. E num determinado momento ela liga para ele no celular. E aí eles conversam e ele diz que está na capela falando comigo. Aí ela quer falar comigo. Eu pego o celular, só que ela gritava, muito. Tanto que eu precisei afastar o aparelho do ouvido. Mas ela não gritava comigo, ela gritava para mim. E ela me disse duas informações que eu lembro bem. Ela havia descoberto tudo, ele tinha outra mulher e que ela voltaria naquele domingo. E no dia seguinte, segunda-feira, ela se separaria dele”.

A crise nervosa de Elize preocupa o reverendo, que orienta Marcos a tomar alguns cuidados.

“Eu sabia que eles colecionavam armas, facas. Aí eu disse pra ele o seguinte: ‘então a primeira coisa que você vai fazer agora quando chegar na sua casa é trancar esse cofre onde ficam as armas’. Aí me ocorreu de sugerir. ‘Você quebra a chave dentro do cofre".

“Depois o segundo conselho que eu dei pra ele, foi que ele conversasse com os pais, porque eu depreendi que os pais não sabiam de coisa alguma do que estava ocorrendo com eles. E a terceira sugestão que eu dei para ele foi com relação ao estado psíquico dela. Se ele teria talvez a possibilidade de entrar em contato com um psiquiatra ambulatorial que pudesse medicá-la, tranqüilizá-la e eventualmente até depois se ver uma possibilidade de internação pra ela”.

Depois do episódio, as brigas pareciam ter diminuído. Mas quase um mês depois, no dia 21 de maio do ano passado, surge um novo capítulo da crise conjugal.

“Eu recebo um e-mail da Elize dizendo que o Marcos havia saído de casa. E que eles estavam sem notícias, e, bom, a primeira coisa que eu imaginei foi que eles devem ter tido uma outra briga. Mandei e-mail, não veio resposta. Depois eu mandei um outro e-mail para ele. E eu comecei a estranhar que não vinha resposta alguma”.

A essa altura, Marcos já estava morto. Elize pôs partes do corpo dele em malas e abandonou tudo em Cotia, na Grande São Paulo. Com o encontro do corpo e pressionada pela polícia, ela confessa o crime.

A defesa diz que o depoimento do reverendo desfaz a imagem de casal feliz que Marcos gostava de exibir perante a família e os amigos.

“Muda a história de que o Marcos seria um santo e que a trataria como uma princesa e principalmente aos olhos dos outros, porque ele demonstrava uma relação perfeita para os outros. Então as pessoas não sabiam o que acontecia internamente na vida do casal, a não ser as empregadas que já prestaram esclarecimento, contaram a respeito, mas muda a imagem do Marcos frente a tudo que tem sido montado no processo”, diz Flavia Guimarães Leardini, advogada de Elise.

Elize deve ser interrogada no próximo dia 30, no Tribunal do Júri de São Paulo. Ela vai confirmar o que disse na polícia: disse que matou o marido durante uma briga e porque ele ameaçava tirar a filha dela. E vai esperar na cadeia, a decisão do juiz sobre a data do julgamento.

René Henrique contou que visitou Elize, logo que ela foi presa.

'Na minha visão, na verdade, eu não senti arrependimento', disse o reverendo
“Na minha visão, na verdade, eu não senti arrependimento. Ela até tocou no caso e tentou justificar. Eu disse a ela que não estava ali para isso, que tinha levado uma Bíblia e que estava lá para conversar”, disse o reverendo.

“Eu acredito que os dois, genuinamente, quisessem constituir uma família saudável, os dois. Eles se casaram, fizeram meio que um pacto de abandono da vida regressa. Os dois conheciam o passado um do outro. Até o momento que Elize viu, isso é uma soposição minha, que só ela estava cumprindo o trato. Ele não”, conta ele.

Veja o vídeo: 

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fantastico/

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