Uma francesa de 45 anos foi indiciada e está em detenção provisória por ter mantido seu marido octogenário em cativeiro durante um ano na residência do casal.
François Deweille ficou trancado na lavanderia no subsolo da casa, sem janelas, sofreu maus tratos e era alimentado somente com produtos com a data de validade vencida.
Béatrice Fautré foi indiciada por sequestro, violência sobre pessoa vulnerável e abuso da fragilidade de outra pessoa e está detida desde sábado passado na prisão de Versalhes, nos arredores de Paris.
Fautré havia trabalhado como empregada do octogenário e se casou com ele no início de 2008.
Dinheiro
De acordo com a polícia, ela teria retirado 500 mil euros (cerca de R$ 1,1 milhão) de uma conta bancária conjunta. As investigações, que estão na fase inicial, vão determinar se houve mais desvios de dinheiro no passado.
"Há sem dúvida o fator financeiro. Ela se aproveitou amplamente da fortuna de seu marido. Mas isso não explicaria tudo. Nada a impedia de desviar o dinheiro sem precisar sequestrá-lo nessas condições", afirmou o comandante Bruno Arviset, da polícia militar do departamento de Eure-et-Loir, no centro-norte da França.
O octogenário, que tinha a visão reduzida, ficou totalmente cego após ter ficado preso por um ano na lavanderia sem janelas no subsolo da casa, situada na cidade de Arrou, em Eure-et-Loir.
Ele foi hospitalizado em estado de choque na quarta-feira passada em um hospital da região. Seu corpo estava coberto de hematomas e ele sofria de desnutrição, segundo a polícia.
O amante de Fautré, dono de um supermercado da cidade, morava na casa onde o octogenário estava preso. Ele e o filho mais velho da esposa, de 22 anos, foram indiciados por cumplicidade no sequestro e por não ter denunciado os maus tratos.
Eles permanecem em liberdade, mas sob controle judicial, com obrigação de cumprir exigências impostas pela Justiça, como não sair da cidade e comparecer às convocações das autoridades.
"A esposa alimentava o marido duas vezes por dia com produtos estragados. Não havia refeições quentes. Somente ela detinha a chave do local e era a única a ter contato com o octogenário", afirmou o comandante Arviset.
Denúncia da filha
Segundo a promotoria de Chartres, responsável pelo caso, a polícia foi alertada pelas declarações da filha mais jovem de Fautré, cuja guarda está sob os cuidados dos serviços sociais franceses.
A criança havia declarado a presença na casa "de uma pessoa suja, que furtava comida e sofria violências porque deixava sua mãe irritada".
O advogado de Béatrice Fautré declarou que a mulher "não está em condições de compreender as acusações que pesam contra ela". A esposa nega as acusações de maus tratos.
Os moradores da cidade de Arrou afirmaram à imprensa francesa pensar que o idoso havia sido transferido para um asilo. Ele havia sido visto pela última vez em uma farmácia de Arrou em julho de 2009, segundo a polícia.
O prefeito de uma cidade vizinha, onde a vítima e Fautré moravam antes, havia no início se recusado a realizar o casamento no civil em razão da grande diferença de idade e havia exigido um atestado médico do idoso.
O documento foi obtido, e o casamento foi realizado pelo adjunto do prefeito no início de 2008.
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