sábado, 23 de fevereiro de 2013

Bolívia pede ao Brasil antecedentes de torcedores detidos do Corinthians

Bolívia pede ao Brasil antecedentes de torcedores detidos do Corinthians


LA PAZ — O Ministério Público boliviano solicitará ao Brasil, por meio da Interpol, os antecedentes criminais dos 12 torcedores do Corinthias detidos em Oruro sob acusação de autoria e cumplicidade na morte de um menino, durante jogo da Copa Libertadores entre o clube paulista e o boliviano San José, informou neste sábado a promotora Abigail Saba.
"Como são cidadãos brasileiros, estamos pedindo ao Brasil seus antecedentes penais, via Interpol", declarou Saba, que é a promotora encarregada da investigação sobre a morte de Kevin Beltrán, de 14 anos, na quarta-feira, durante o jogo disputado no estádio Jesús Bermúdez, na cidade andina de Oruro, 240 km ao sul de La Paz.
"O propósito de ter esta informação é termos um quadro mais preciso sobre quem são estes cidadãos brasileiros", explicou a promotora, em entrevista a vários meios de comunicação locais.
Emissoras e jornais bolivianos divulgaram a informação, com base em blogs brasileiros, de que os torcedores detidos pertenceriam à torcida organizada do 'Timão'.
Segundo a promotora, "os 12 brasileiros estão detidos na prisão San Pedro" da cidade de Oruro, "enquanto se termina de preparar a acusação para o julgamento e se acumulam todos os antecedentes necessários" para encaminhar o processo.
A integrante do Ministério Público afirmou, ainda, que os brasileiros Cleuter Barreto Barros e Leandro Silva de Oliveira são "autores de homicídio" por sua responsabilidade de disparar um sinalizador no estádio durante o jogo, que acabou atingindo o jovem Beltrán na cabeça, provocando a sua morte quase instantânea.
O incidente ocorreu quando os torcedores do Corinthians comemoravam o primeiro gol aos 6 minutos de jogo, marcado pelo peruano Paolo Guerrero, em partida que acabou empatada em 1-1, válida para o Grupo 5 da fase de grupos da Libertadores, integrado ainda pelo mexicano Tijuana e pelo colombiano Millonarios.
Na sexta-feira, Saba havia dito existirem evidências suficientes de que o sinalizador teria partido do setor onde estavam 300 torcedores do Corinthians e que após os interrogatórios policiais foram encontrados nas mochilas dos dois brasileiros artefatos usados e outros sem uso do mesmo tipo daquele que atingiu o adolescente.
Segundo a lei boliviana, o crime de homicídio prevê pena de 5 a 20 anos de prisão.
Junto com Barros e Oliveira, também estão detidos outros 10 brasileiros, acusados pela promotoria de "cumplicidade no homicídio", crime pelo qual correm o risco de ser condenados a até 5 anos de prisão cada um.
O jornal La Patria, de Oruro, divulgou os nomes dos outros 10 torcedores brasileiros detidos: Tadeu Macedo Andrade, Reynaldo Coelho, José Carlos da Silva Júnior, Marco Aurélio Nefeire, Daniel Silva de Oliveira, Hugo Nonato, Clever Sousa Clous, Fabio Neves Domingos, Rafael Machado Castillo e Tiago Aurélio dos Santos.
O incidente fez a Conmebol sancionar o Corinthians, atual campeão da Copa Libertadores da América, a disputar suas próximas partidas locais sem torcida e proibir a venda de ingressos pelo clube a seus torcedores em suas partidas internacionais.
O 'Timão' expressou, em um comunicado publicado na sexta-feira, que considerou a medida da Conmebol 'injusta' e que 'esgotará todos os recursos legais para reverter a decisão imposta', após declarar um dia antes luto de sete dias pela morte do torcedor boliviano.
O governo da Bolívia tomou conhecimento da situação e promove a aprovação de um decreto para proibir o uso de qualquer tipo de artefato explosivo em eventos esportivos, algo que até hoje é muito comum no país.

Folha


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